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13 de abr. de 2014

Meditação - Quarta Feira da Semana Santa


A MEDITAÇÃO DA PAIXÃO DE CRISTO 
INFLAMA-NOS NO FOGO DO AMOR DIVINO


"à vista de Jesus Crucificado, desaparecem de nossa alma todos os desejos de honras mundanas e bens terrenos."

Quem poderá amar outra coisa fora de Jesus, vendo como Ele morre com tantas dores e tão desprezado, para alcançar o nosso amor? Um devoto eremita pediu certa vez ao Senhor que lhe dissesse o que deveria fazer para amá-lO perfeitamente. O Senhor revelou-Lhe então que, para se chegar ao amor perfeito de Deus, nada há mais próprio do que a meditação freqüente de Sua Paixão. Oh! Se todos os homens meditassem na Paixão e Morte de Jesus Cristo, não existiria mais nem um só que não amasse esse Deus amoroso. “Cristo morreu por todos para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que morreu por eles”, diz São Paulo (II Cor 5, 15).

A maior parte dos homens, porém, vive só para o pecado e para o demônio, e não para Jesus Cristo, apesar de um Deus ter morrido por eles. [entretanto, já] Platão dizia que o amor inspira amor, e Sêneca repetia amiúdo: “Se quiseres ser amado, ama”.

Ora, Jesus Cristo, morrendo por nós, nos amou quase que até à loucura, como nota São Gregório (Hom. 6 in evang.). Como é, pois, possível que, apesar de tantas provas de amor, não pôde ganhar os nossos corações? Como é possível que Ele não consiga ser correspondido por nós, depois de tanto nos ter amado? Todos os Santos aprenderam a arte de amar a Deus através da meditação do Crucificado.

Todas as vezes que São João do Alverne contemplava o Seu Salvador coberto de Chagas, não podia reprimir suas lágrimas. Jacopone de Todi, ao ouvir ler a Paixão de Cristo, não só derramava lágrimas, mas também rompia em altos soluços, subjugado pelo amor que lhe acendia a recordação de seu amado Salvador. Numa palavra, que cristão, meditando amiúdo a Paixão de Jesus Cristo, poderá viver sem amar a seu Salvador?

As Chagas de Jesus Cristo, diz São Boaventura, são outras tantas Chagas de Amor, são setas e chamas, que ferem os corações mais duros e as almas mais frias. O Beato Henrique Suso, para imprimir mais profundamente em seu coração o amor a seu Salvador Crucificado, tomou certa vez um ferro cortante e com ele feriu-se no peito, escrevendo ali o Santíssimo Nome de seu amado Senhor e, escorrendo sangue, dirigiu-se à igreja, prostrou-se aos pés do Crucifixo e disse-Lhe: Senhor, ó único amor de meu coração, eu quereria imprimir-Vos mais profundamente ainda em meu coração; mas isso me é impossível; Vós, porém, que tudo podeis, supri o que me falta em forças e imprimi Vosso adorável Nome tão profundamente em meu coração, que nem Vosso Nome, nem Vosso Amor possa jamais ser nele apagado.

Imitemos a esposa dos Cânticos, que diz: “Assentei-me à sombra daquele a quem eu desejava” (Cant 2, 3). Detenhamo-nos muitas vezes aos pés de nosso amável Redentor; imaginemo-lo morrendo na Cruz; meditemos Sua Paixão e o amor que nos mostrou lutando com a morte nesse leito de dores. Oh! Pudéssemos todos dizer de nós mesmos: Descansaremos sempre à sombra da Cruz.

Que doce paz não desfrutam as almas que amam a Deus no meio do reboliço do mundo, das tentações do demônio, do temor dos juízos de Deus, quando a sós, aos pés de seu amante Salvador, meditam em silêncio como Ele luta na Cruz com a morte e como Seu Sangue divino corre de todos os Seus membros rasgados pelos açoites, espinhos e cravos.

Em verdade, à vista de Jesus Crucificado, desaparecem de nossa alma todos os desejos de honras mundanas e bens terrenos. Então sopra da Cruz uma aragem suave e celestial, que nos desprende brandamente das coisas terrenas e acende em nós um santo desejo de padecer e morrer por amor dAquele que quis padecer, por amor de nós, tantos tormentos e a mesma morte.



Fonte: Santo Afonso Maria de Ligório

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