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6 de dez. de 2007

A Imaculada Conceição - Estudo Católico...Leia na íntegra


A IMACULADA CONCEIÇÃO


“Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3, 15).“Não foi Adão o seduzido, mas a mulher” (1Tm 2,14)“Na plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho ao mundo nascido de uma mulher” (Gl 4,4).No ponto central da história da salvação se dá um acontecimento ímpar em que entra em cena a figura de uma Mulher.; portanto, devia ser também por meio da mulher que a salvação chegasse à terra.



São Leão Magno, Papa do século V e doutor da Igreja, afirma:“O antigo inimigo, em seu orgulho, reivindicava com certa razão seu direito à tirania sobre os homens e oprimia com poder não usurpado aqueles que havia seduzido, fazendo-os passar voluntariamente da obediência aos mandamentos de Deus para a submissão à sua vontade.



Era portanto justo que só perdesse seu domínio original sobre a humanidade sendo vencido no próprio terreno onde vencera”.O Senhor antecipou para Maria, a “bendita entre todas as mulheres”, a graça da Redenção que seu Filho conquistaria com Sua Paixão e Morte. A Imaculada Conceição de Nossa Senhora foi o primeiro fruto da Redenção de Jesus. E Maria foi concebida no seio de sua mãe, Santa Ana, sem o pecado original.Como disse o cardeal Suenens:“A santidade do Filho é causa da santificação antecipada da Mãe, como o sol ilumina o céu antes de ele mesmo aparecer no horizonte”.



O cardeal Bérulle explica assim:“Para tomar a terra digna de trazer e receber seu Deus, o Senhor fez nascer na terra uma pessoa rara e eminente que não tomou parte alguma no pecado do mundo e está dotada de todos os ornamentos e privilégios que o mundo jamais viu e jamais verá, nem na terra e nem no céu” (Temas Marianos, p. 307).O Anjo Gabriel lhe disse na Anunciação: “Ave, cheia de graça...” (Lc 1,28). Nesse “cheia de graça”, a Igreja entendeu todo o mistério e dogma da Conceição Imaculada de Maria. Se ela é “cheia de graça”, mesmo antes de Jesus ter vindo ao mundo, é porque é desde sempre toda pura, bela, sem mancha alguma; isto é, Imaculada. Em 8 de dezembro de 1854 o Papa Pio IX declarava dogma de fé a doutrina que ensinava ter sido a Mãe de Deus concebida sem mancha por um especial privilégio divino.



Na Bula “Ineffabilis Deus”, o Papa diz:“Nós declaramos, decretamos e definimos que a doutrina segundo a qual, por uma graça e um especial privilégio de Deus Todo Poderoso e em virtude dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original no primeiro instante de sua conceição, foi revelada por Deus e deve, por conseguinte, ser crida firmemente e constantemente por todos os fiéis”.Em 1476 a festa da Imaculada foi incluída no Calendário Romano. Em 1570, o papa Pio V publicou o novo Ofício e, em 1708, o papa Clemente XI estendeu a festa a toda a Cristandade tornando-a obrigatória.S. Luiz de Montfort: “Neste seio virginal, Deus preparou o “paraíso do novo Adão” (TVD, n. 18).



Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja (†1787), disse:“Maria tinha de ser medianeira de paz entre Deus e os homens. Logo, absolutamente não podia aparecer como pecadora e inimiga de Deus, mas só como Sua amiga, toda imaculada” (GM, p. 209). E ainda: “Maria devia ser mulher forte, posta no mundo para vencer a Lúcifer, e portanto devia permanecer sempre livre de toda mácula e de toda a sujeição ao inimigo” (GM, p. 209).S



. Bernardino de Sena (†1444): “Antes de toda criatura fostes, ó Senhora, destinada na mente de Deus para Mãe do Homem Deus. Se não por outro motivo, ao menos pela honra de seu Filho, que é Deus, era necessário que o Pai Eterno a criasse pura de toda mancha” (GM, p. 210).S. Tomas de Vilanova († 1555), espanhol, disse:“Nenhuma graça foi concedida aos santos sem que Maria a possuísse desde o começo em sua plenitude” (GM, p. 211).S.



Anselmo, bispo e doutor da Igreja († 1109):“Deus, que pôde conceder a Eva a graça de vir ao mundo imaculada, não teria podido concedê-la também a Maria?”“A Virgem, a quem Deus resolveu dar Seu Filho Único, tinha de brilhar numa pureza que ofuscasse a de todos os anjos e de todos os homens e fosse a maior imaginável abaixo de Deus” (GM, p. 212).S. Afonso de Ligório afirma:“O espírito mau buscou, sem dúvida, infeccionar a alma puríssima da Virgem, como infeccionado já havia com seu veneno a todo o gênero humano.



Mas louvado seja Deus! O Senhor a previniu com tanta graça, que ficou livre de toda mancha do pecado. E dessa maneira pode a Senhora abater e confundir a soberba do inimigo” (GM p. 210).Nenhum de nós pode escolher sua Mãe; Jesus o pode. Pergunta S. Afonso: “Qual seria aquele que, podendo ter por Mãe uma rainha, a quisesse uma escrava? Por conseguinte, deve-se ter por certo que a escolheu tal qual convinha a um Deus” (GM, p. 213).



Santo Tomás de Aquino: “Quando Deus eleva alguém a uma alta dignidade, também o torna apto para exercê-la. Portanto tendo eleito Maria para Sua Mãe, por Sua graça a tornou digna de ser livre de todo o pecado, mesmo venial; caso contrário, a ignomínia da Mãe passaria para o Filho” (GM, p. 215).



S. Agostinho de Hipona, Bispo e doutor da Igreja (†430):“Nem se deve tocar na palavra “pecado” em se tratando de Maria; e isso por respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça” (GM, p. 215).Maria é aquilo que disse o salmista:“O Altíssimo santificou seu tabernáculo; Deus está no meio dele” (Sl 45,5); ou ainda: “A santidade convém à Vossa casa, Senhor” (Sl 42,6).S. Cirilo de Alexandria (370-444), bispo e doutor da Igreja, pergunta:“Que arquiteto, erguendo uma casa de moradia, consentiria que seu inimigo a possuísse inteiramente e habitasse?” (GM, p. 216). Assim Deus jamais permitiu que seu inimigo tocasse naquela em que Ele seria gerado homem.



S. Bernardino de Sena ensina que Jesus veio para salvar a todos, inclusive Maria. Contudo, há dois modos de remir: levantando o decaído ou preservando-o da queda. Este último modo Deus aplicou a Maria.Se é pelo fruto que se conhece a árvore (Mt 7,16-20), então, como o Cordeiro foi sempre imaculado, sempre pura também foi Sua Mãe, é a conclusão dos santos.Afirma S. Afonso: “Se conveio ao Pai preservar Maria do pecado, porque Lhe era Filha, e ao Filho porque Lhe era Mãe, está visto que o mesmo se há de dizer do Espírito Santo, de quem era a Virgem Esposa” (GM, p. 218).



S. Tomás: ”O Espírito Santo descerá sobre ti’ (Lc 1,35). Ela é portanto o templo do Senhor, o sacrário do Espírito Santo, porque por virtude dele se tornou Mãe do Verbo Encarnado”, (GM, p. 218).Podendo o Espírito Santo criar Sua Esposa toda bela e pura, é claro que assim o fez. É dela que fala: “És toda formosa minha amiga, em ti não há mancha original” (Ct 4,7). Chama ainda Sua Esposa de “jardim fechado e fonte selada” (Ct 4,12), onde jamais os inimigos entraram para ofendê-la.“Estão comigo um sem número de virgens, mas uma só é a minha pomba, minha imaculada” (Ct 6,8-9).“Ave, cheia de graça!” Aos outros santos a graça é dada em parte, contudo a Maria foi dada em sua plenitude.



Assim “a graça santificou não só a alma mas também a carne de Maria, a fim de que com ela revestisse depois o Verbo Eterno”, afirma S. Tomás (GM, p. 220).O dogma da Imaculada Conceição de Maria é um marco fundamental da fé porque, entre outras coisas, define claramente a realidade do pecado original, às vezes contestado por alguns teólogos modernos, em discordância com o Magistério da Igreja.



O Catecismo da Igreja Católica afirma:“Na descendência de Eva, Deus escolheu a Virgem Maria para ser a Mãe de Seu Filho. ‘Cheia de graça’, ela é o fruto mais excelente da Redenção desde o primeiro instante de sua concepção; foi totalmente preservada da mancha do pecado original e permaneceu pura de todo pecado pessoal ao longo de sua vida” (§ 508).A própria Virgem Maria, em pessoa, quis confirmar este dogma. Em 27 de novembro de 1830, Nossa Senhora apareceu a



S. Catarina Labouré, na Capela das filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, em Paris, e lhe pediu para mandar cunhar e propagar a devoção à chamada “Medalha Milagrosa”, precisamente com esta inscrição: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. Quantas graças essa devoção tem espalhado pelo mundo!Em 25 de março de 1858, na festa da Anunciação, revelou seu Nome a Santa Bernadette, mas aparições de Lourdes. Disse-lhe ela: “Eu sou a Imaculada Conceição”. (“Je suis le imaculé concepcion »).



A partir daí, o padre Peyramale, que era o Cura de Lourdes, passou a acreditar nas aparições de Maria à pobre Bernadette, e com ele toda a Igreja.Oração que os cristãos do Egito já lhe dirigiam no século III:“Debaixo de vossa proteção nos refugiamos, ó Santa Mãe de Deus. Não desprezeis nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. Maria, Imaculada, rogai por nós”.Oração de São Bernardo (1090-1153), abade e doutor da Igreja, o poeta apaixonado de Maria, em seu famoso “Sermão sobre o Missus est”:


“Ó tu, quem quer que sejas, que nas correntezas deste mundo te apercebas: antes ser arrastado entre procelas e tempestades do que andando sobre a terra, desviares os olhos desta Estrela, se não queres afogar-te nessas águas.


Se se levantam os ventos das tentações, se cais nos escolhos dos grandes sofrimentos, olha a Estrela, invoca Maria. Se as iras, ou avareza, ou os prazeres carnais se abaterem sobre tua barca, olha para Maria.


Se, perturbado pelas barbaridades de teus crimes, se amedrontado pelo horror do julgamento, começas a ser sorvido em abismos de tristeza e desespero, pensa em Maria.Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, olha para a Estrela, pensa em Maria, invoca Maria.


Que ela não se afaste de teus lábios, não se afaste de teu coração.E, para que possas pedir o auxílio de sua oração, não esqueças o exemplo de sua vida. Seguindo-a, não te desviarás; suplicando-lhe, não desesperarás; pensando nela, não errarás.


Se ela te segurar, não cairás; se te proteger, não terás medo; se ela te conduzir, não te fatigarás; se estiver do teu lado, chegarás ao fim. E assim experimentarás em ti mesmo quanto é verdade aquilo que foi dito: “E o nome da Virgem era Maria” .

fonte : Editora Cleofas / Aula do dia: 07/12/2006 - Imaculada Conceição


13 de nov. de 2007

Doutrina Católica sobre o Purgatório




Desde os primórdios a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Mt 28,20; Jo 14,15.25; 16,12´13), acredita na purificação das almas após a morte, e chama este estado, não lugar, de Purgatório. Ao nos ensinar sobre esta matéria, diz o nosso Catecismo: "Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação após a morte, afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu" (CIC, §1030). Logo, as almas do Purgatório "estão certas da sua salvação eterna", e isto lhes dá grande paz e alegria.


Falando sobre isso, disse o Papa João Paulo II: "Mesmo que a alma tenha de sujeitar´se, naquela passagem para o Céu, à purificação das últimas escórias, mediante o Purgatório, ela já está cheia de luz, de certeza, de alegria, porque sabe que pertence para sempre ao seu Deus."(Alocução de 03 de julho de 1991; LR n. 27 de 07/7/91)


O Catecismo da Igreja ensina que: "A Igreja chama de purgatório esta purificação final dos eleitos, purificação esta que é totalmente diversa da punição dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório principalmente nos Concílios de Florença (1438´1445) e de Trento (1545´1563)" (§ 1031). "Este ensinamento baseia´se também sobre a prática da oração pelos defundos de que já fala a Escritura Sagrada: 'Eis porque Judas Macabeus mandou oferecer este sacrifício expiatório em prol dos mortos, a fim de que fossem purificados de seu pecado' (2 Mac 12,46).


Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em favor dos mesmos, particularmente o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos"(§1032). Devemos notar que o ensinamento sobre o Purgatório tem raízes já na crença dos próprios judeus, cerca de 200 anos antes de Cristo, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus.


Narra´se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés. Então Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados.


O autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, louva a ação de Judas: "Se ele não esperasse que os mortos que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerasse que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram piedosamente, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que fossem absolvidos do seu pecado". (2 Mac 12,44s) Neste caso, vemos pessoas que morreram na amizade de Deus, mas com uma incoerência, que não foi a negação da fé, já que estavam combatendo no exército do povo de Deus contra os inimigos da fé.


Todo homem foi criado para participar da felicidade plena de Deus (cf. CIC, §1), e gozar de sua visão face´a´face. Mas, como Deus é "Três vezes Santo", como disse o Papa Paulo VI, e como viu o profeta Isaías (Is 6,8), não pode entrar em comunhão perfeita com Ele quem ainda tem resquícios de pecado na alma. A Carta aos Hebreus diz que: "sem a santidade ninguém pode ver a Deus" (Hb 12, 14). Então, a misericórdia de Deus dá´nos a oportunidade de purificação mesmo após a morte. Entenda, então, que o Purgatório, longe de ser castigo de Deus, é graça da sua misericórdia paterna.


O ser humano carrega consigo uma certa desordem interior, que deveria extirpar nesta vida; mas quando não consegue, isto leva´o a cair novamente nas mesmas faltas. Ao confessar recebemos o perdão dos pecados; mas, infelizmente, para a maioria, a contrição ainda encontra resistência em seu íntimo, de modo que a desordem, a verdadeira raíz do pecado, não é totalmente extirpada. No purgatório essa desordem interior é totalmente destruída, e a alma chega à santidade perfeita, podendo entrar na comunhão plena com Deus, pois, com amor intenso a Ele, rejeita todo pecado.


Com base nos ensinamentos de São Paulo, a Igreja entendeu também a realidade do Purgatório. Em 1Cor 3,10, ele fala de pessoas que construíram sobre o fundamento que é Jesus Cristo, utilizando uns, material precioso, resistente ao fogo (ouro, prata, pedras preciosas) e, outros, materiais que não resistem ao fogo (palha, madeira). São todos fiéis a Cristo, mas uns com muito zelo e fervor, e outros com tibieza e relutância. E Paulo apresenta o juízo de Deus sob a imagem do fogo a provar as obras de cada um.


Se a obra resistir, o seu autor "receberá uma recompensa"; mas, se não resistir, o seu autor "sofrerá detrimento", isto é, uma pena; que não será a condenação; pois o texto diz explicitamente que o trabalhador "se salvará, mas como que através do fogo", isto é, com sofrimentos. O fogo neste texto tem sentido metafórico e representa o juízo de Deus (cf. Sl 78, 5; 88, 47; 96,3). O purgatório não é de fogo terreno, já que a alma, sendo espiritual, não pode ser atingida por esse fogo. No purgatório a alma vê com toda clareza a sua vida tíbia na terra, o seu amor insuficiente a Deus, e rejeita agora toda a incoerência a esse amor, vencendo assim as paixões que neste mundo se opuseram à vontade santa de Deus.


Neste estado, a alma se arrepende até o extremo de suas negligências durante esta vida; e o amor a Deus extingue nela os afetos desregrados, de modo que ela se purifica. Desta forma, a alma sofre por ter sido negligente, e por atrasar assim, por culpa própria, o seu encontro definitivo com Deus. É um sofrimento nobre e espontâneo, inspirado pelo amor de Deus e horror ao pecado.


Pensamentos Consoladores sobre o Purgatório

O grande doutor da Igreja, São Francisco de Sales (1567´1655), tem um ensinamento maravilhoso sobre o purgatório. Ele ensinava, já na idade média, que "é preciso tirar mais consolação do que temor do pensamento do Purgatório".

Eis o que ele nos diz:

1. As almas alí vivem uma contínua união com Deus.

2. Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar´se no inferno a apresentar´se manchadas diante de Deus.

3. Purificam´se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.

4. Querem permanecer na forma que agradar a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.

5. São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.

6 Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.

7. São consoladas pelos anjos.

8. Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.

9. As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.

10. Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama´lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.

11. O Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor.



( Extraído do livro O Breviário da Confiança, de Mons. Ascânio Brandão, 4a. ed. Editora Rosário, Curitiba, 1981)

3 de out. de 2007

Os Papas e a pequena Teresa do Menino Jesus

Os Papas e a pequena Teresa do Menino Jesus
Todos os pontífices do século XX fascinaram-se pela fé simples da santa de Lisieux.

Baseada na absoluta necessidade da graça
de Giovanni Ricciardi

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Uma imagem de Santa Teresa de Lisieux


No dia 20 de novembro de 1887, Santa Teresa do Menino Jesus encontrou, aos 15 anos, o Papa Leão XIII (1878-1903) durante uma peregrinação organizada pela diocese de Lisieux, pedindo-lhe com ingênuo atrevimento a permissão para entrar no Carmelo antes da idade prescrita. O Papa respondeu-lhe categórico: “Vamos!...Vamos!... Se Deus quiser entrarás”.



O velho Pontífice não podia imaginar que o caso desta mocinha teria marcado tanto o pontificado de seus sucessores. Com efeito, todos os papas do século XX foram tocados, de um modo ou outro, pela “passagem” de Teresa. O primeiro de todos foi Pio XI, que a beatificou em 1923 e canonizou-a dois anos depois, nomeando-a em seguida, em 1927, padroeira das missões. A história de Teresa cruza-se particularmente com a do Papa Paulo VI, que foi batizado no mesmo dia da morte da pequena irmã de Lisieux. Mas a primeira intuição da excepcionalidade de Teresa deve-se, sem dúvida, a Pio X (1903-1914), o papa que em 4 de agosto completará cem anos da sua eleição. Pio X: “A maior santa dos tempos modernos” Tinham passado apenas dez anos da morte de Teresa quando Pio X recebeu de presente a edição francesa do Histoire d’une âme e, três anos mais tarde, em 1910, a tradução italiana da autobiografia da santa. Tradução que estava, desde então, na segunda edição. Pio X não teve hesitações com relação a Teresa, e por isso acelerou a introdução da causa de beatificação, que tem a data de 1914 e que foi um dos últimos atos do seu pontificado. Mas, já alguns anos antes, encontrando um bispo missionário que lhe doara um retrato de Teresa, o papa observara: “Eis a maior santa dos tempos modernos”.


Um juízo que poderia parecer arriscado, pois na época, e ainda hoje, Teresa não contava somente com admiradores. A simplicidade da sua doutrina espiritual, fundada simplesmente na absoluta necessidade da graça, causava desagrado em não poucos eclesiásticos. No clima de um catolicismo tomado pelo jansenismo, uma espiritualidade fundada apenas na confiança e no abandono dócil à misericórdia de Deus parecia estar em contraste com o rigor de uma ascese centralizada na renúncia e no sacrifício de si. O eco dessa “suspeita” contra a doutrina de Teresa chegou até os ouvidos do Papa. O qual uma vez respondeu com decisão a um desses detratores: “A sua extrema simplicidade é a coisa mais extraordinária e digna de atenção nesta alma. Reestudem a vossa teologia”. Entre outras coisas, Pio X ficara gravemente impressionado por uma carta que Teresa escrevera em 30 de maio de 1889 à sua prima Maria Guérin, a qual, por motivos de escrúpulos, abstinha-se da comunhão: “Jesus está no tabernáculo expressamente para ti, para ti só, arde com o desejo de entrar no teu coração [...]. Comunga muitas vezes, muitas vezes... É esse o único remédio se queres curar-te”. Na época havia um difuso comportamento de excessivo escrúpulo para aproximar-se da eucaristia, e a resposta de Teresa pareceu ao Papa um encorajamento para combatê-lo.


E é possível que os dois decretos de Pio X, Sacra Tridentina Synodus, sobre a comunhão freqüente, e Quam singulari, sobre a comunhão às crianças tenham sido influenciados pela leitura dos escritos teresianos. Bento XV: “Contra a presunção de alcançar com meios humanos um fim sobrenatural” Pio X não teve tempo de seguir o iter da causa de beatificação. O seu sucessor, Bento XV (1914-1922), acelerou-o ulteriormente. Em 14 de agosto de 1921, proclamou o decreto sobre as heroicidades das virtudes da pequena Teresa e, pela primeira vez, um papa usou a expressão “infância espiritual” para se referir à “doutrina” da santa de Lisieux: “A infância espiritual”, disse o Papa “é formada pela confiança em Deus e pelo cego abandono nas mãos dEle [...]. Não é difícil relevar as vantagens desta infância espiritual tanto por aquilo que exclui como por aquilo que supõe. Com feito, exclui o soberbo lisonjear-se; exclui a presunção de alcançar com meios humanos um fim sobrenatural; exclui a falácia da auto-suficiência na hora do perigo e da tentação. E, por outro lado, supõe fé viva na existência de Deus; supõe prática homenagem à Sua potência e misericórdia; supõe confiante recurso à providência dAquele com o qual obter a graça, evitar todo o mal e conseguir todo o bem. [...] Esperamos que o segredo da santidade de Irmã Teresa do Menino Jesus não seja segredo para ninguém”. Pio XI: “A estrela do meu pontificado” Pio XI (1922-1939), mais do que qualquer outro papa durante toda a sua vida, mesmo antes da sua eleição ao trono de Pedro, foi acompanhado por uma profunda devoção para com a pequena Teresa.


Quando ainda era núncio apostólico em Varsóvia, tinha sobre sua escrivaninha a História de uma alma; e continuou a fazer o mesmo depois assumir a arquidiocese de Milão. Durante o seu pontificado Teresa foi elevada, em pouco tempo, às honras dos altares. Beatificada em 29 de abril de 1923; canonizada em 17 de maio de 1925, durante o Ano Santo; em 14 de dezembro de 1927 foi proclamada, junto com São Francisco Xavier, padroeira universal das missões católicas. Tanto a beatificação como a canonização foram as primeiras do pontificado deste Papa. E já em 11 de fevereiro de 1923, no discurso feito por ocasião da aprovação dos milagres necessários para a beatificação, observava: “Milagre de virtude nesta grande alma que nos faz repetir com o Divino Poeta: ‘algo vindo do céu à terra para o milagre mostrar’ [...]. A pequena Teresa fez-se Ela mesma uma palavra de Deus [...]. A pequena Teresa do Menino Jesus nos diz que há um modo fácil de participarmos de todas as maiores e heróicas obras do zelo apostólico, por meio da oração”. Aos peregrinos franceses vindos a Roma para a beatificação de Teresa, disse: “Eis que estais à luz desta Estrela – como nós gostamos de chamá-la – que a mão de Deus quis que resplandecesse no início do nosso pontificado, presságio e promessa de uma proteção, da qual estamos tendo a feliz experiência”.


Também, mais tarde, Pio XI atribuiu à intercessão de Teresa uma proteção especial em momentos cruciais do seu pontificado. Em 1927, num dos momentos mais duros da perseguição contra a Igreja Católica no México, confiou aquele país à proteção de Teresa: “ýuando a prática religiosa for restabelecida”, escrevia aos bispos mexicanos, “desejo que Santa Teresa do Menino Jesus seja reconhecida como a mediadora da paz religiosa no vosso país”. Dirigiu-se a ela para implorar a solução do duro contraste entre a ýanta Sé e o governo fascista de 1931, que quase levou à suspensão da Ação Católica italiana: “Minha pequena santa faça que para a festa de Nossa Senhora tudo tenha se regularizado”. A controvérsia chegou à solução em 15 de agosto do mesmo ano. Já no fiŸal do Ano Santo de 1925, Pio XI enviara a Lisieux, acompanhando uma sua fotografia, uma expressão eloqüente: “Per intercessionem S. Theresiae ab Infante Iesu protectricis nostrae singularis benedicat vos omnipotens et misericors Deus”. E, em 1937, no final da longa doença que sofria nos últimos anos do seu pontificado, agradeceu publicamente àquela “que tão validamente e tão evidentemente veio em ajuda ao Sumo Pontífice e ainda parece disposta a ajudá-lo: Santa Teresa de Lisieux”. Não pôde coroar o desejo de ir pessoalmente a Lisieux nos últimos meses da sua vida. Pouco antes de estourar a Segunda Guerra Mundial, o pontificado passava para as mãos de Pio XII (1939-1958), que conhecia e estimava muito a pequena santa.


Pio XII “Valorizar diante de Deus a pobreza espiritual de uma criatura pecadora” ýFilha de um cristão admirável, Teresa aprendeu sentada nos joelhos de seu pai os tesouros de indulgência e de compaixão que se escondem no coração do Senhor! [...] Deus Pai cujos braços estão constantemente dirigidos aos filhos. Por que não responder a este gesto? Por que não gritar espontaneamente para ele a nossa angústia? É preciso confiar na palavra de Teresa, quando convida tanto o mais miserável como o mais perfeito a não valorizar diante de Deus senão a fraqueza radical e a pobreza de espírito de uma criatura pecadora”. Assim Pio XII exprimia-se na radiomensagem de 11 de julho de 1954, por ocasião da consagração da Basílica de Lisieux, o coração da “via da infância espiritual” indicada por Teresa. Durante toda a sua vida, ele manteve correspondência com o Carmelo de Lisieux. O início dessa correspondência foi em 1929, no tempo da nunciatura apostólica em Berlim, quando enviou a Lisieux uma carta de agradecimento por ter recebido a primeira edição alemã da História de uma alma. Depois foi várias vezes enviado pelo papa Pio XI para o Carmelo de Teresa para presidir algumas funções especiais. Quando foi a Buenos Aires, em 1934, como legado pontifício no Congresso Eucarístico Internacional, levou consigo uma relíquia de Teresa à qual tinha confiado a sua missão. Durante todo o pontificado correspondeu-se também com Irmã Inês e Irmã Celina, as irmãs de Teresa que ainda viviam no Carmelo de Lisieux.


João XXIII: “A pequena Teresa nos conduz ao porto” Santa Teresa a Grande [Teresa de Ávila, ndr] eu amo muito... mas a Pequena: ela nos conduz ao porto [...]. É preciso pregar a sua doutrina tão necessária”. São palavras de João XXIII (1958-1963) ao se dirigir a um sacerdote que lhe oferecera uma coleção de retratos da pequena Teresa. Angelo Roncalli foi cinco vezes a Lisieux, principalmente no período da sua nunciatura em Paris, mas também quando ainda era delegado apostólico na Bulgária. Como pontífice dedicou particular atenção à santa na audiência geral de 16 de outubro de 1960. Na ocasião disse: “Teresa de Lisieux foi grande por ter sabido, na humildade, na simplicidade, na constante abnegação, cooperar nas dificuldades e no trabalho da graça para o bem de inúmeros fiéis”. Sobre isso o Santo Padre, querendo dar uma adequada semelhança, com muito prazer recorda de quando observava o porto de Constantinopla. “Lá chegavam grandes navios de carga, que porém não conseguiam, pela natureza do fundo do mar, a aproximarem-se do cais. Portanto, eis que, ao lado de cada grande navio, encostava um pequeno barco, cuja presença à primeira vista parecia supérflua, e, ao invés, era muito preciosa, pois o barco tinha a tarefa de transportar as mercadorias até o porto”. Paulo VI: “Nasci para a Igreja no dia em que a santa nasceu para o céu” Durante uma visita ad limina do bispo de Sées, a diocese na qual nasceu Teresa, Paulo VI (1963-1978) disse: “Nasci para a Igreja no dia em que a santa nasceu para o céu. Isso lhe mostra que especial vínculo me liga a ela. Minha mãe fez com que eu conhecesse Santa Teresa do Menino Jesus que ela tanto amava. Já li várias vezes a Histoire d’une âme, a primeira vez na minha juventude”.


Já em 1938 escrevia às monjas do Carmelo de Lisieux, confessando “acompanhar há muitos anos com grande interesse os progressos do Carmelo de Lisieux” e acrescentava “sou um grande devoto de Santa Teresa, da qual conservo uma pequena relíquia na minha escrivaninha”. Estas menções seriam suficientes para demonstrar o significado da profunda ligação entre Paulo VI e a pequena Teresa. O Papa interveio várias vezes para falar sobre a figura e sobre a doutrina da pequena santa de Lisieux. Em 1973, por ocasião do centenário do nascimento da santa, escreveu uma carta a D. Badré, então bispo de Bayeux e Lisieux, condensando em poucas páginas o seu pensamento sobre Teresa. O realismo e a humildade são os dois conceitos mais evidenciados por Paulo VI a propósito de Teresa: “Teresa do Menino Jesus e da Santa Face ensina a não contar com nós mesmos, tanto se tratando de virtude como de limite, mas com o amor misericordioso de Cristo, que é maior do que o nosso coração e nos associa à oferta da sua paixão e ao dinamismo da sua vida”. A propósito da vida de Teresa que aceitou o limite humano e cultural do claustro, ela ensina segundo Paulo VI, que “a inserção realista na comunidade cristã, onde se é chamado a viver o instante presente, parece-nos uma graça sumamente desejável para o nosso tempo”. Teresa viveu o seu caminho pessoal de santidade dentro de um ambiente cheio de limites. Todavia, “para começar a agir ela não esperou um modo de vida ideal, um ambiente de convivência mais perfeito; digamos que, ao invés, ela contribuiu para mudá-lo partir de dentro. A humildade é o espaço do amor.


A sua busca do Absoluto e a transcendência da sua caridade permitiram-lhe vencer os obstáculos ou mesmo transfigurar os seus limites”. Paulo VI já tinha sublinhado o tema da humildade em Teresa em uma audiência de 29 de dezembro de 1971: “Humildade tão mais obrigatória quanto mais a criatura é alguma coisa, porque tudo depende de Deus, e porque o confronto entre qualquer medida nossa e o Infinito obriga a curvar a fronte”. Em Teresa esta humildade não está separada de uma “infância cheia de confiança e de abandono”. ým um discurso de 16 de fevereiro de 1964 na paróquia de São Pio X, o Papa evidenciava com clareza o quanto Santa Teresa do Menino Jesus tinha praticado e ensinado com relação à confiança que devemos ter na bondade de Deus, abandonando-nos plenamente à sua Providência misericordiosa: “Um escritor moderno muito conhecido conclui um livro seu afirmando: tudo é graça. Mas de quem é esta frase? Não do escritor citado, porque ele tirou-a – e diz isso – de outra fonte. É de Santa Teresa do Menino Jesus. Colocou-a em uma página dos seus diários: ‘Tout est grâce’. Tudo pode se resolver em graça.
De resto a santa carmelita repetia sempre uma esplêndida palavra de São Paulo: ‘Diligentibus Deum omnia cooperantur in bonum’. Toda a nossa vida pode se resolver no bem, se amamos o Senhor. E é isso que o Pastor Supremo espera dos que o ouvem”. João Paulo I “Com suma simplicidade e encaminhando-se ao essencial” ýapa Luciani não teve tempo, nos seus 33 dias de pontificado, de falar de Teresa. Porém já tinha falado em duas importantes ocasiões quando era patriarca de Veneza. Em 10 de outubro de 1973, fez uma conferência por ocasião do centenário do nascimento de Teresa e uma carta à santa no livro Illustrissimi. Aqui o futuro papa conta que leu a História de uma almaüpela primeira vez aos 17 anos: “Para mim foi como um relâmpago”, escreveu. E revela sobre a ajuda recebida de Teresa quando era um jovem padre e, atingido pela tuberculose, fora internado em um sanatório. “Envergonhei-me por ter sentido um pouco de medo”, recorda Luciani: “Teresa, aos 23 anos, na época sã e cheia de vitalidade – disse-me –, foi inundada de alegria e de esperança, quando sentiu subir à boca a primeira golfada de sangue. Não só isso, mas, atenuando o mal, conseguiu levar a termo o jejum de pão seco e água, e tu queres sentir medo? És sacerdote, desperta, não sejas tolo”.
Na conferência de 1973, o futuro João Paulo I sublinhava o ensinamento de Teresa: “Teresa, contando com uma aguda inteligência e dons especiais, viu claramente nas coisas de Deus e também expressou-se claramente, ou seja, com suma simplicidade e encaminhando-se ao essencial”. Teresa não buscou experiências diferentes das que o cristianismo do seu tempo oferecia-lhe.



Como escreve padre Mario Caprioli, não buscou experiências extraordinárias: “Confissão aos seis anos, a preparação à primeira comunhão em família, as peregrinações – que para Teresa foram muito instrutivas –, o convento, ou seja, a vida religiosa com os votos, a regra, a austeridade” (M. Caprioli, I papa del XX secolo e Teresa di Lisieux, p. 349). “Hoje”, comentava a este propósito Luciani “sob pretexto de renovações tende-se, algumas vezes, a tirar todo o valor destas coisas. Na minha opinião, Teresa não concordaria”. João Paulo II Teresa do Menino Jesus doutora da Igreja universal Ao proclamar, em 1997, Teresa de Lisieux doutora da Igreja universal, terceira mulher a obter este título depois de Teresa de Avila e Catarina de Sena, João Paulo II recolheu efetivamente a herança de seus predecessores. A atualidade do gesto pode ser expressa nas palavras que o padre Luigi Giussani dirigia ao Papa na Praça de S. Pedro durante o encontro dos movimentos eclesiais em maio de 1998: “Ao grito desesperado do pastor Brand no homônimo drama de Ibsen (‘Responda-ýe ó Deus, na hora em que a morte me arrasta: então não é suficiente toda a vontade de um homem para conseguir uma só salvação?’) responde a humilde positividade de Santa Teresa do Menino Jesus, que escreve: ‘Quando sou caridosa é Jesus que age em mim’”.


fonte : Revista 30 Dias - Roma

29 de mai. de 2007

Os Dons do Espírito Santo


1. Quem é o Espírito Santo?


O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, o amor mútuo do Pai e do Filho. Desde toda a eternidade o Pai gera o Filho e o ama infinita e imutavelmente; também o Filho desde toda a eternidade é gerado pelo Pai e o ama com amor infinito e imutável.


Este amor é o Espírito Santo, amor que se desdobra na criação, uma vez que é pelo Espírito Santo que o Pai ama a tudo o que criou e é pelo Espírito Santo que o Filho ama a tudo o que por

Ele o Pai criou. Em Deus, portanto, o Amor se faz Pessoa Divina.O Espírito Santo nos conduz à vida trinitária, pois é o laço que une entre si Deus Pai e Deus Filho, une a todos nós homens a Cristo e une-nos uns aos outros em Cristo.


Cada uma das pessoas da Trindade opera de um modo especial na obra da criação. Assim, Deus Pai é quem cria todo o universo e o homem e estabelece a ordem das coisas criadas; quando essa ordem é rompida e violada pelo pecado, é Deus Filho quem deve vir para restaurá-la; por fim, é Deus Espírito Santo quem deve completar a obra da Redenção, santificando as almas.O Espírito Santo é, também, a alma da Igreja enquanto Corpo Místico de Cristo.


A esse respeito, diz-nos o papa Pio XII: "É a este Espírito de Cristo como princípio indivisível que se deve atribuir a união que reina entre todas as partes do Corpo, tanto das partes entre si como delas com a sua nobre Cabeça (Cristo), uma vez que o Espírito está presente todo inteiro na Cabeça, todo inteiro no Corpo, todo inteiro em cada um dos membros". Também Santo Agostinho escreve-nos sobre este mesmo tema: "O que a alma é para o corpo do homem, o Espírito Santo o é para o corpo de Jesus Cristo, que é a Igreja.


O Espírito Santo realiza na Igreja aquilo que a alma realiza nos membros de um corpo". E, por fim, Santo Tomás de Aquino resume-nos: "Por meio do Espírito Santo somos um só com Cristo".São Paulo nos diz que "se alguém não possui o Espírito de Cristo, esse não pertence a Cristo" (Rm 8, 9).


O Espírito Santo, portanto, é o princípio da unidade e da coesão, ou seja, faz com que todos os batizados formem um só Corpo em Cristo e que, ainda, cada um neste Corpo Místico tenha uma função específica e receba dons especiais para realizar esta função.E se o Espírito Santo é, então, o doador de todos os dons, a alma do Corpo Místico de Cristo, podemos concluir que para toda ação sobrenatural precisamos inevitavelmente de sua assistência.


Não somos capazes mesmo de um bom pensamento a não ser no Espírito Santo. Novamente segundo São Paulo: "ninguém pode dizer ‘Jesus é o Senhor’ a não ser no Espírito Santo" (1Cor 12, 3).O Espírito Santo ora em nós e por nós e nos ensina todas as coisas. Somente após Pentecostes os apóstolos foram capazes de realmente compreender tudo o que Jesus lhes havia ensinado enquanto vivia com eles.


Também o êxito da obra da evangelização pertence ao Espírito Santo; os apóstolos (e nós hoje) pregaram, mas foi o Espírito de Cristo quem realizou a conversão nos corações dos ouvintes.Assim, a obra de nossa santificação e da santificação dos outros será sempre do Espírito Santo e a perfeição cristã consistirá em deixarmo-nos conduzir por Ele, pois "os que são movidos pelo Espírito Santo, esses são filhos de Deus" (Rm 8, 14).2.


Os dons do Espírito Santo


O Espírito Santo nos foi dado no dia de nosso Batismo e, sendo assim, podemos dizer que é nosso para que dele possamos dispor, a fim de chegarmos à santidade que o Senhor deseja para todos nós (cf. Mt 5, 48 e Lv 19, 2) e para que se cumpram em nós, por fim, todos os desígnios de Deus, por Ele preparados desde toda a eternidade.Para isso, recebemos do Espírito Santo os seus dons, disposições sobrenaturais que tornam nossas almas capazes de realizar atos bons, sobrenaturais, de inspiração divina.


Os dons do Espírito Santo conformam nosso comportamento naturalmente ao agir divino, de modo que passamos a agir de acordo com a nossa nova natureza, a de filhos de Deus.E os dons que o Espírito Santo nos confere, se somos humildes e nos deixamos conduzir por Ele, são:



Dom da Ciência - Este dom ocupa o primeiro lugar entre todos, pois tem uma grande importância prática na vida espiritual. Por ele, a alma cristã perde a visão mundana das coisas e passa a julgá-las à luz da fé.


Em tudo enxerga a mão benevolente de Deus, passa a compreender a transitoriedade desta vida e a necessidade de tudo fazer com vistas à eternidade, pois entende que a felicidade neste mundo nada é em comparação ao que Deus preparou na eternidade para os que O amam.


Sua maior preocupação passa a ser evitar de todas as formas ofender a Deus pelo pecado e sente grande dor e contrição por todos os pecados que já cometeu, pois pode agora enxergá-los à luz do Espírito. Por fim, para esta alma, tudo passa a ser motivo e ocasião de louvar a Deus e dar-Lhe graças.


Os que desejam deixar-se conduzir pelo Espírito de Ciência, devem lutar pela pureza de intenção e pela delicadeza de consciência, evitando as faltas deliberadas mesmo em matéria leve e esforçando-se pela fidelidade até nos menores detalhes.


Dom do Conselho - Enquanto o dom da Ciência mostra à alma como apreciar as coisas criadas, o dom do Conselho "ensina" a alma a agir diante de situações concretas de acordo com o agir divino.O dom do Conselho é, pois, uma espécie de instinto sobrenatural, um socorro divino para as diversas situações de nossa vida concreta e até do próximo.


Os que seguem as inspirações dadas pelo Espírito de Conselho confiam em Deus mais do que em si mesmos, são desprendidos de seus próprios pontos de vista e sabem que o maior critério de acerto para a vida espiritual é fazer sempre e inteiramente a vontade do Senhor.Para deixarmo-nos conduzir pelo Espírito de Conselho precisamos esforçar-nos por praticar a virtude da humildade, a fim de reconhecermos nossa pequenez e eliminarmos o orgulho que nos impede de viver plenamente a vida divina.


Dom do Entendimento - A alma guiada pelos dons da Ciência e do Conselho desenvolve plenamente a virtude da fé e vive em conformidade com o Coração de Cristo. É então que ela está preparada para trilhar uma via mais perfeita, levada pelo dom do Entendimento.Este dom não está relacionado ao conhecimento ou à inteligência humanos. É uma disposição sobrenatural que permite ao espírito captar e compreender de modo claro e intuitivo os mistérios da fé.


A Verdade torna-se evidente para esta alma e uma felicidade insuspeitada a envolve, pela luz desta Verdade.Embora este dom refira-se às luzes da inteligência, acompanha-o sempre a graça do amor intenso a Deus. Para a alma por ele iluminada o amor infinito de Deus é evidente e é incompreensível que o mundo busque sua felicidade fora de Deus.


Os que desejarem a luz deste dom devem com toda a humildade pedi-lo, confiando sempre na bondade de Deus e caminhando na fé com generosidade e espírito de renúncia e de sacrifício.


Dom da Sabedoria - Considerado o mais nobre, importante e precioso dos dons do Espírito Santo, é sem dúvida aquele que mais devemos desejar e pedir insistentemente. Podemos encontrar elogios à Sabedoria em Pr 8, 11 e Sab 7, 8-14."O dom da Sabedoria (é) como uma disposição da inteligência que leva a não dar valor nem a saborear nada senão o próprio Deus e aquilo que diz respeito a Seu Nome" (Alexis Riaud).


Além disso, conforme Tomás de Aquino, na medida em que as coisas deste mundo estão relacionadas a Deus, também são objeto deste dom.A alma cheia deste dom tem por sua a vontade de Deus, só deseja o que Deus deseja e se compraz somente em seu Senhor e naquilo que o glorifica. Por isso o dom da Sabedoria pode levar a alma à contemplação e, por outro lado, dá-lhe uma firme vontade e uma grande determinação para resistir às provações. Pela ação do dom da Sabedoria, a alma sabe que Deus é tudo e a criatura é nada.


Imploremos com humildade ao Senhor que nos conceda o Espírito de Sabedoria.Dom da Piedade No entanto, sem o amor a Deus vazia é a sabedoria. Por isso, o Espírito também concede às almas o dom da Piedade. Por ele o coração é abrasado e a vontade fortalecida e unida a Deus.


Os quatro primeiros dons do Espírito Santo (Ciência, Conselho, Entendimento e Sabedoria) destinam-se a iluminar nossa inteligência; os outros três (Piedade, Fortaleza e Temor de Deus) destinam-se a unir e conformar nossa vontade mais perfeitamente à vontade de Deus.


Assim, através do dom da Piedade, a alma inclina-se sobrenaturalmente a comportar-se diante de Deus como uma criança carinhosa comporta-se diante do Pai que a ama: com atitude de confiança, atenção, afeto e amor. Este dom desenvolve na alma cristã a caridade perfeita e o amor de Deus e a Deus preenche perfeita e plenamente todas as suas necessidades.


É uma alma que por nada se perturba, porque está segura no Amor; é uma alma desapegada de tudo, pois o amor que sente é desinteressado e puro, de tal modo que tudo faria para contentar o Amado, sendo-lhe impossível amar menos. E este amor naturalmente desdobra-se no amor ao próximo, pois ama também tudo o que Deus ama, ou seja, todos os homens.


Dom da Piedade - Para que possamos ser perfeitos, precisamos do dom da Piedade, pois a perfeição de uma alma se mede pelo grau de caridade a que chegou. Roguemos, pois, ao Espírito de Piedade que nos cumule deste dom.


Dom da Fortaleza - Nenhum ser humano é capaz de perseverar no bem por muito tempo. Se Deus não nos der a vitória, morreremos no combate, pois a vida espiritual é como um grande campo de guerra, onde todos os homens diariamente travam suas batalhas pelo Reino, até o fim de suas vidas.Pois bem, para que a vitória seja possível, o Senhor nos concede o dom da Fortaleza, que é a disposição sobrenatural que nos capacita a enfrentar as mais duras provas e a realizar os mais difíceis empreendimentos por amor a Deus e para que Seu Nome seja glorificado.


A alma repleta deste dom não tem confiança em si mesma, pois sabe que é frágil e incapaz de fazer o bem. Mas deposita uma confiança ilimitada em Deus, que a capacita. Portanto, enfrentará tudo o que for necessário para cumprir a vontade de Deus, santificar-se e santificar os outros. Além disso, é uma alma generosa, porque dispõe-se ao sofrimento físico ou moral por amor de seu Senhor e deseja empreender grande coisas pela causa do Evangelho.


No martírio cotidiano das pequenas coisas, é o Espírito de Fortaleza que permite à alma perseverar em seus desejos de santidade. E no martírio de sangue dos cristãos perseguidos dos primeiros séculos e dos dias de hoje, é o mesmo Espírito de Fortaleza que os inspira e anima em meio aos imensos sofrimentos.


Se quisermos receber o dom da Fortaleza devemos, como dizia Santa Teresinha do Menino Jesus, "consentir em permanecer pobre e desprovido de forças", para que, a partir de nossa humildade e fraqueza, a força do Senhor atue em nós. Precisamos também exercitar e aumentar nossa confiança no amor ilimitado de Deus por nós e recorrer ainda, o mais freqüentemente possível, à fonte de toda fortaleza, à Sagrada Eucaristia, pois sem Cristo nada podemos fazer.


Dom do Temor de Deus - O dom do Santo Temor de Deus é o resultado e como que a manifestação externa do dom da Sabedoria, segundo São Tomás de Aquino. É a disposição sobrenatural que faz com que a alma experimente simultaneamente um imenso respeito pela majestade de Deus e uma alegria indizível por Sua bondade, repelindo com horror tudo o que possa ofender ao Senhor, misericordioso e digno de todo o amor. Portanto, o dom do Temor de Deus desperta na alma um amor verdadeiramente filial, que está longe de ser um temor servil.


A alma cheia do Temor de Deus previne-se contra a queda no próprio orgulho, desconfiando humildemente de suas próprias forças e buscando a delicadeza no serviço de Deus e a fidelidade nos menores detalhes. Tudo o que ela deseja é cumprir amorosa e fielmente a vontade de seu Pai que está no Céu.Por isso diz o salmista: "Feliz o homem que teme o Senhor" (Sl 111, 1)!


Se pelo Batismo recebemos o Espírito Santo e pela Crisma fomos nEle confirmados, também dEle recebemos todos esses dons. É preciso então que perseveremos na prática das virtudes e oremos humilde e confiantemente ao Senhor para que nos dê a plenitude de seus dons.


Por eles seremos santificados e, ramos vivos da verdadeira Videira, daremos muito fruto, conforme a vontade de Deus, nosso Pai, para a glória de Seu Nome."Espírito de amor, criador e santificador das almas, cuja primeira obra é transformar-me à semelhança de Jesus, ajudai-me a conformar-me com Jesus, a pensar como Jesus, a falar como Jesus, a amar como Jesus, a sofrer como Jesus, a agir em todos os momentos como Jesus.


Habitai sempre em mim e, pela vossa graça e a vossa operação, sede o realizador dos desígnios de Deus Pai na minha alma. Da mesma forma que governastes a Santíssima Humanidade do Senhor durante a sua permanência sobre a terra, sede também neste mundo o motor da minha vida, a alma da minha alma.Espírito Santo, Espírito de amor, consagro-me a Vós, ofereço-me a Vós, entrego-me a Vós por intermédio de Maria, vosso Templo, vossa Esposa, Aqueduto das vossas graças."
(Alexis Riaud)