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29 de mai. de 2007

Os Dons do Espírito Santo


1. Quem é o Espírito Santo?


O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, o amor mútuo do Pai e do Filho. Desde toda a eternidade o Pai gera o Filho e o ama infinita e imutavelmente; também o Filho desde toda a eternidade é gerado pelo Pai e o ama com amor infinito e imutável.


Este amor é o Espírito Santo, amor que se desdobra na criação, uma vez que é pelo Espírito Santo que o Pai ama a tudo o que criou e é pelo Espírito Santo que o Filho ama a tudo o que por

Ele o Pai criou. Em Deus, portanto, o Amor se faz Pessoa Divina.O Espírito Santo nos conduz à vida trinitária, pois é o laço que une entre si Deus Pai e Deus Filho, une a todos nós homens a Cristo e une-nos uns aos outros em Cristo.


Cada uma das pessoas da Trindade opera de um modo especial na obra da criação. Assim, Deus Pai é quem cria todo o universo e o homem e estabelece a ordem das coisas criadas; quando essa ordem é rompida e violada pelo pecado, é Deus Filho quem deve vir para restaurá-la; por fim, é Deus Espírito Santo quem deve completar a obra da Redenção, santificando as almas.O Espírito Santo é, também, a alma da Igreja enquanto Corpo Místico de Cristo.


A esse respeito, diz-nos o papa Pio XII: "É a este Espírito de Cristo como princípio indivisível que se deve atribuir a união que reina entre todas as partes do Corpo, tanto das partes entre si como delas com a sua nobre Cabeça (Cristo), uma vez que o Espírito está presente todo inteiro na Cabeça, todo inteiro no Corpo, todo inteiro em cada um dos membros". Também Santo Agostinho escreve-nos sobre este mesmo tema: "O que a alma é para o corpo do homem, o Espírito Santo o é para o corpo de Jesus Cristo, que é a Igreja.


O Espírito Santo realiza na Igreja aquilo que a alma realiza nos membros de um corpo". E, por fim, Santo Tomás de Aquino resume-nos: "Por meio do Espírito Santo somos um só com Cristo".São Paulo nos diz que "se alguém não possui o Espírito de Cristo, esse não pertence a Cristo" (Rm 8, 9).


O Espírito Santo, portanto, é o princípio da unidade e da coesão, ou seja, faz com que todos os batizados formem um só Corpo em Cristo e que, ainda, cada um neste Corpo Místico tenha uma função específica e receba dons especiais para realizar esta função.E se o Espírito Santo é, então, o doador de todos os dons, a alma do Corpo Místico de Cristo, podemos concluir que para toda ação sobrenatural precisamos inevitavelmente de sua assistência.


Não somos capazes mesmo de um bom pensamento a não ser no Espírito Santo. Novamente segundo São Paulo: "ninguém pode dizer ‘Jesus é o Senhor’ a não ser no Espírito Santo" (1Cor 12, 3).O Espírito Santo ora em nós e por nós e nos ensina todas as coisas. Somente após Pentecostes os apóstolos foram capazes de realmente compreender tudo o que Jesus lhes havia ensinado enquanto vivia com eles.


Também o êxito da obra da evangelização pertence ao Espírito Santo; os apóstolos (e nós hoje) pregaram, mas foi o Espírito de Cristo quem realizou a conversão nos corações dos ouvintes.Assim, a obra de nossa santificação e da santificação dos outros será sempre do Espírito Santo e a perfeição cristã consistirá em deixarmo-nos conduzir por Ele, pois "os que são movidos pelo Espírito Santo, esses são filhos de Deus" (Rm 8, 14).2.


Os dons do Espírito Santo


O Espírito Santo nos foi dado no dia de nosso Batismo e, sendo assim, podemos dizer que é nosso para que dele possamos dispor, a fim de chegarmos à santidade que o Senhor deseja para todos nós (cf. Mt 5, 48 e Lv 19, 2) e para que se cumpram em nós, por fim, todos os desígnios de Deus, por Ele preparados desde toda a eternidade.Para isso, recebemos do Espírito Santo os seus dons, disposições sobrenaturais que tornam nossas almas capazes de realizar atos bons, sobrenaturais, de inspiração divina.


Os dons do Espírito Santo conformam nosso comportamento naturalmente ao agir divino, de modo que passamos a agir de acordo com a nossa nova natureza, a de filhos de Deus.E os dons que o Espírito Santo nos confere, se somos humildes e nos deixamos conduzir por Ele, são:



Dom da Ciência - Este dom ocupa o primeiro lugar entre todos, pois tem uma grande importância prática na vida espiritual. Por ele, a alma cristã perde a visão mundana das coisas e passa a julgá-las à luz da fé.


Em tudo enxerga a mão benevolente de Deus, passa a compreender a transitoriedade desta vida e a necessidade de tudo fazer com vistas à eternidade, pois entende que a felicidade neste mundo nada é em comparação ao que Deus preparou na eternidade para os que O amam.


Sua maior preocupação passa a ser evitar de todas as formas ofender a Deus pelo pecado e sente grande dor e contrição por todos os pecados que já cometeu, pois pode agora enxergá-los à luz do Espírito. Por fim, para esta alma, tudo passa a ser motivo e ocasião de louvar a Deus e dar-Lhe graças.


Os que desejam deixar-se conduzir pelo Espírito de Ciência, devem lutar pela pureza de intenção e pela delicadeza de consciência, evitando as faltas deliberadas mesmo em matéria leve e esforçando-se pela fidelidade até nos menores detalhes.


Dom do Conselho - Enquanto o dom da Ciência mostra à alma como apreciar as coisas criadas, o dom do Conselho "ensina" a alma a agir diante de situações concretas de acordo com o agir divino.O dom do Conselho é, pois, uma espécie de instinto sobrenatural, um socorro divino para as diversas situações de nossa vida concreta e até do próximo.


Os que seguem as inspirações dadas pelo Espírito de Conselho confiam em Deus mais do que em si mesmos, são desprendidos de seus próprios pontos de vista e sabem que o maior critério de acerto para a vida espiritual é fazer sempre e inteiramente a vontade do Senhor.Para deixarmo-nos conduzir pelo Espírito de Conselho precisamos esforçar-nos por praticar a virtude da humildade, a fim de reconhecermos nossa pequenez e eliminarmos o orgulho que nos impede de viver plenamente a vida divina.


Dom do Entendimento - A alma guiada pelos dons da Ciência e do Conselho desenvolve plenamente a virtude da fé e vive em conformidade com o Coração de Cristo. É então que ela está preparada para trilhar uma via mais perfeita, levada pelo dom do Entendimento.Este dom não está relacionado ao conhecimento ou à inteligência humanos. É uma disposição sobrenatural que permite ao espírito captar e compreender de modo claro e intuitivo os mistérios da fé.


A Verdade torna-se evidente para esta alma e uma felicidade insuspeitada a envolve, pela luz desta Verdade.Embora este dom refira-se às luzes da inteligência, acompanha-o sempre a graça do amor intenso a Deus. Para a alma por ele iluminada o amor infinito de Deus é evidente e é incompreensível que o mundo busque sua felicidade fora de Deus.


Os que desejarem a luz deste dom devem com toda a humildade pedi-lo, confiando sempre na bondade de Deus e caminhando na fé com generosidade e espírito de renúncia e de sacrifício.


Dom da Sabedoria - Considerado o mais nobre, importante e precioso dos dons do Espírito Santo, é sem dúvida aquele que mais devemos desejar e pedir insistentemente. Podemos encontrar elogios à Sabedoria em Pr 8, 11 e Sab 7, 8-14."O dom da Sabedoria (é) como uma disposição da inteligência que leva a não dar valor nem a saborear nada senão o próprio Deus e aquilo que diz respeito a Seu Nome" (Alexis Riaud).


Além disso, conforme Tomás de Aquino, na medida em que as coisas deste mundo estão relacionadas a Deus, também são objeto deste dom.A alma cheia deste dom tem por sua a vontade de Deus, só deseja o que Deus deseja e se compraz somente em seu Senhor e naquilo que o glorifica. Por isso o dom da Sabedoria pode levar a alma à contemplação e, por outro lado, dá-lhe uma firme vontade e uma grande determinação para resistir às provações. Pela ação do dom da Sabedoria, a alma sabe que Deus é tudo e a criatura é nada.


Imploremos com humildade ao Senhor que nos conceda o Espírito de Sabedoria.Dom da Piedade No entanto, sem o amor a Deus vazia é a sabedoria. Por isso, o Espírito também concede às almas o dom da Piedade. Por ele o coração é abrasado e a vontade fortalecida e unida a Deus.


Os quatro primeiros dons do Espírito Santo (Ciência, Conselho, Entendimento e Sabedoria) destinam-se a iluminar nossa inteligência; os outros três (Piedade, Fortaleza e Temor de Deus) destinam-se a unir e conformar nossa vontade mais perfeitamente à vontade de Deus.


Assim, através do dom da Piedade, a alma inclina-se sobrenaturalmente a comportar-se diante de Deus como uma criança carinhosa comporta-se diante do Pai que a ama: com atitude de confiança, atenção, afeto e amor. Este dom desenvolve na alma cristã a caridade perfeita e o amor de Deus e a Deus preenche perfeita e plenamente todas as suas necessidades.


É uma alma que por nada se perturba, porque está segura no Amor; é uma alma desapegada de tudo, pois o amor que sente é desinteressado e puro, de tal modo que tudo faria para contentar o Amado, sendo-lhe impossível amar menos. E este amor naturalmente desdobra-se no amor ao próximo, pois ama também tudo o que Deus ama, ou seja, todos os homens.


Dom da Piedade - Para que possamos ser perfeitos, precisamos do dom da Piedade, pois a perfeição de uma alma se mede pelo grau de caridade a que chegou. Roguemos, pois, ao Espírito de Piedade que nos cumule deste dom.


Dom da Fortaleza - Nenhum ser humano é capaz de perseverar no bem por muito tempo. Se Deus não nos der a vitória, morreremos no combate, pois a vida espiritual é como um grande campo de guerra, onde todos os homens diariamente travam suas batalhas pelo Reino, até o fim de suas vidas.Pois bem, para que a vitória seja possível, o Senhor nos concede o dom da Fortaleza, que é a disposição sobrenatural que nos capacita a enfrentar as mais duras provas e a realizar os mais difíceis empreendimentos por amor a Deus e para que Seu Nome seja glorificado.


A alma repleta deste dom não tem confiança em si mesma, pois sabe que é frágil e incapaz de fazer o bem. Mas deposita uma confiança ilimitada em Deus, que a capacita. Portanto, enfrentará tudo o que for necessário para cumprir a vontade de Deus, santificar-se e santificar os outros. Além disso, é uma alma generosa, porque dispõe-se ao sofrimento físico ou moral por amor de seu Senhor e deseja empreender grande coisas pela causa do Evangelho.


No martírio cotidiano das pequenas coisas, é o Espírito de Fortaleza que permite à alma perseverar em seus desejos de santidade. E no martírio de sangue dos cristãos perseguidos dos primeiros séculos e dos dias de hoje, é o mesmo Espírito de Fortaleza que os inspira e anima em meio aos imensos sofrimentos.


Se quisermos receber o dom da Fortaleza devemos, como dizia Santa Teresinha do Menino Jesus, "consentir em permanecer pobre e desprovido de forças", para que, a partir de nossa humildade e fraqueza, a força do Senhor atue em nós. Precisamos também exercitar e aumentar nossa confiança no amor ilimitado de Deus por nós e recorrer ainda, o mais freqüentemente possível, à fonte de toda fortaleza, à Sagrada Eucaristia, pois sem Cristo nada podemos fazer.


Dom do Temor de Deus - O dom do Santo Temor de Deus é o resultado e como que a manifestação externa do dom da Sabedoria, segundo São Tomás de Aquino. É a disposição sobrenatural que faz com que a alma experimente simultaneamente um imenso respeito pela majestade de Deus e uma alegria indizível por Sua bondade, repelindo com horror tudo o que possa ofender ao Senhor, misericordioso e digno de todo o amor. Portanto, o dom do Temor de Deus desperta na alma um amor verdadeiramente filial, que está longe de ser um temor servil.


A alma cheia do Temor de Deus previne-se contra a queda no próprio orgulho, desconfiando humildemente de suas próprias forças e buscando a delicadeza no serviço de Deus e a fidelidade nos menores detalhes. Tudo o que ela deseja é cumprir amorosa e fielmente a vontade de seu Pai que está no Céu.Por isso diz o salmista: "Feliz o homem que teme o Senhor" (Sl 111, 1)!


Se pelo Batismo recebemos o Espírito Santo e pela Crisma fomos nEle confirmados, também dEle recebemos todos esses dons. É preciso então que perseveremos na prática das virtudes e oremos humilde e confiantemente ao Senhor para que nos dê a plenitude de seus dons.


Por eles seremos santificados e, ramos vivos da verdadeira Videira, daremos muito fruto, conforme a vontade de Deus, nosso Pai, para a glória de Seu Nome."Espírito de amor, criador e santificador das almas, cuja primeira obra é transformar-me à semelhança de Jesus, ajudai-me a conformar-me com Jesus, a pensar como Jesus, a falar como Jesus, a amar como Jesus, a sofrer como Jesus, a agir em todos os momentos como Jesus.


Habitai sempre em mim e, pela vossa graça e a vossa operação, sede o realizador dos desígnios de Deus Pai na minha alma. Da mesma forma que governastes a Santíssima Humanidade do Senhor durante a sua permanência sobre a terra, sede também neste mundo o motor da minha vida, a alma da minha alma.Espírito Santo, Espírito de amor, consagro-me a Vós, ofereço-me a Vós, entrego-me a Vós por intermédio de Maria, vosso Templo, vossa Esposa, Aqueduto das vossas graças."
(Alexis Riaud)